Passo então a buscar uma desilusão amorosa
Pois não quero mais morosidades
Nem tão pouco ilusão
Se o prefixo “des” causa antônimo
(des)orientar
(des)concertar
(des)temer
Então que meu (des)tino seja o real
Inverso de ilusão
Que tenho tino pra não des e escolher
E não decido pelo que inexiste...
Pois então que seja um erro dizer desilusão
Para um amor não vingado
Mesmo que não por vingança
E nem por des(amor)
Que não sendo apenas imaginário
É a soli(dez) do vivenciado
E aí o des no final e com z já é um outro contrário...
Este blog faz parte de mais um momento, mais um ciclo, mais uma curva do espiral de minha existência. A cada dia descobrindo que descubro-me...aprendendo, aprendendo, aprendendo...Aventurando-me no lugar onde mais é possível se esconder e onde mais se pode ver. e-compartilhando! Reticências
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sábado, 17 de dezembro de 2011
domingo, 13 de novembro de 2011
À espera do novo
Depois de uns anos esperam de nós aquilo que fazemos com que esperem. Deixamos de surpreender. Chega um dia que viramos jornal de segunda-feira; já sabemos o resultado do jogo antes mesmo de sair a edição. Vamos virando carne de vaca de notícia. E não precisa de tanto tempo assim. Este é justamente o efeito contrário do amadurecimento. Ou melhor, o contrário não, o colateral do efeito. Ao mesmo tempo em que amadurecemos, vamos aperfeiçoando a capacidade de errar melhor, as mesmas coisas.
Nosso iceberg que sempre esteve abaixo de nossa ponta aparente, pois passamos a vida sem querer desvelar ao outro o que de fato somos do que nem mesmo nós sabemos ao certo ser, está mais fixo que nunca. Consolidado. Não precisa mais de imersão para emergir. Já dizemos ao mundo sobre nós com os olhos, sem que seja preciso olhar. Essa é a nossa história, depois de ao longo dos anos irmos contando estórias, ou causos.
Tornamos-nos presas fáceis de nós mesmos. Frágeis para o mundo, sem querer. Ao mesmo tempo resguardados em nós pela inevitável sabedoria das experiências e desguardados aos outros pela inevitável astúcia do previsível, tornamo-nos objeto privilegiado do contraditório.
Somos réus de um julgamento de leis tácitas, criadas por nós, ao longo de nossos próprios crimes, daquilo que se chama vida.
O tempo usa o relógio do sol, não possui falha de bateria. Ele, amigável ou não, é das visitas a de mais falta de educação, não avisa que vem, e não só passa como se instala. Nós, muitos, insistimos no relógio de corda que não gira mais. Andança parada.
Acompanhar o tempo dialética, compassada, parceramente, já que ele vem, é mudar com ele, não permitir que sejamos mais do mesmo.
E somos capazes de mudanças bruscas ao longo de sua passagem? Perdemos a capacidade de destemer o desconhecido por não conhecer o tempo que resta para reconstrução?
Ainda prefiro pensar e agir que sim. Gosto da façanha de Button, o homem que não pode parar no tempo.
Arrisque o novo... e surpreenda a espera à sua volta.
Nosso iceberg que sempre esteve abaixo de nossa ponta aparente, pois passamos a vida sem querer desvelar ao outro o que de fato somos do que nem mesmo nós sabemos ao certo ser, está mais fixo que nunca. Consolidado. Não precisa mais de imersão para emergir. Já dizemos ao mundo sobre nós com os olhos, sem que seja preciso olhar. Essa é a nossa história, depois de ao longo dos anos irmos contando estórias, ou causos.
Tornamos-nos presas fáceis de nós mesmos. Frágeis para o mundo, sem querer. Ao mesmo tempo resguardados em nós pela inevitável sabedoria das experiências e desguardados aos outros pela inevitável astúcia do previsível, tornamo-nos objeto privilegiado do contraditório.
Somos réus de um julgamento de leis tácitas, criadas por nós, ao longo de nossos próprios crimes, daquilo que se chama vida.
O tempo usa o relógio do sol, não possui falha de bateria. Ele, amigável ou não, é das visitas a de mais falta de educação, não avisa que vem, e não só passa como se instala. Nós, muitos, insistimos no relógio de corda que não gira mais. Andança parada.
Acompanhar o tempo dialética, compassada, parceramente, já que ele vem, é mudar com ele, não permitir que sejamos mais do mesmo.
E somos capazes de mudanças bruscas ao longo de sua passagem? Perdemos a capacidade de destemer o desconhecido por não conhecer o tempo que resta para reconstrução?
Ainda prefiro pensar e agir que sim. Gosto da façanha de Button, o homem que não pode parar no tempo.
Arrisque o novo... e surpreenda a espera à sua volta.
terça-feira, 27 de setembro de 2011
Jardim de Bolero
Minha terra enrijece, cede a gesso, endurece
Dura com o tempo das plantadas de vida.
Ventila espécies que circulam e rodam-se pelo meu jardim
Se ventam, se voam, se entram, se tocam pelo meu jardim
Mancha rugas e rusgas pelo meu jardim
Jardim que parece ser não é pra ser
Pelo meu jardim não se escolhe o que planta, se colhe o que sente
Se dança, se toca
Se...
Senta a poeira quando senta o colo cansado de sentir
Dorme...
E num acordo acorda que acordar é lei de viver
E se dança, se toca
Se...
Meu jardim descobriu tarde que pra ser belo pra si tinha de dançar e tocar
Quando acordar vai ser bonito
Enquanto sonha é tocado, dancei...
Dura com o tempo das plantadas de vida.
Ventila espécies que circulam e rodam-se pelo meu jardim
Se ventam, se voam, se entram, se tocam pelo meu jardim
Mancha rugas e rusgas pelo meu jardim
Jardim que parece ser não é pra ser
Pelo meu jardim não se escolhe o que planta, se colhe o que sente
Se dança, se toca
Se...
Senta a poeira quando senta o colo cansado de sentir
Dorme...
E num acordo acorda que acordar é lei de viver
E se dança, se toca
Se...
Meu jardim descobriu tarde que pra ser belo pra si tinha de dançar e tocar
Quando acordar vai ser bonito
Enquanto sonha é tocado, dancei...
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
Fujo-me
Hoje preciso da escuridão absoluta
Da ausência de qualquer feixe de luz
que possa significar cristalidade.
A falta é a completude da inexatidão
que corrói meu peito em conflito.
Estou tão distante de mim
que nem as lágrimas que me são tão peculiar
hoje já não vêm.
A inexistência do choro,
água sólida de sentido,
sinaliza a implenitude da vida.
Aí, já não resta outro caminho, senão...
Reiventar-se.
Da ausência de qualquer feixe de luz
que possa significar cristalidade.
A falta é a completude da inexatidão
que corrói meu peito em conflito.
Estou tão distante de mim
que nem as lágrimas que me são tão peculiar
hoje já não vêm.
A inexistência do choro,
água sólida de sentido,
sinaliza a implenitude da vida.
Aí, já não resta outro caminho, senão...
Reiventar-se.
quarta-feira, 27 de julho de 2011
Não duvido de mim, mas as dúvidas me duvidam
Sem saber falar sobre incertezas, prefiro alimentá-las no silêncio. As dúvidas não ditas talvez machuquem mais que as respostas dadas por perguntas palavreadas ao vento, contudo, sem rigidez, jamais mensurarão o tamanho da dor.
Num mundo racional, as dúvidas não são bem vistas... Muito menos bem sentidas... Num mundo racional, ver não é sentir. Prefiro aqueles que antecedem o sentido à visão. Quem busca a dúvida não se contenta com um ponto de sentir, necessita de vários. Quem busca a dúvida, reconhece a liberdade, não se deixa sufocar.
Mas, como nem toda escolha, porque ter dúvidas também são escolhas, é feita apenas pelos louros, o imprevisível reserva o que não se pode controlar. A liberdade, aí, já não é sua, é dela própria, e do mundo. Na hora em que se desprende, já é tarde para buscar domínio de si. São as conseqüências.
O silêncio faz me duvidar, mas também duvidar. E quando experienciado deixa uma sensação amarga. O silêncio tem de ser meu, não daquele que quero que fale a mim. A minha liberdade tem o limite do querer não tê-la. Decisão da dúvida consciente. Como escreveu a sábia Clarice, aqui interpretada por mais uma vida, a liberdade é o limite da proteção. A liberdade é a troca da seguridade que se quer ter, e todos querem, mesmo na solidão.
Num mundo racional, as dúvidas não são bem vistas... Muito menos bem sentidas... Num mundo racional, ver não é sentir. Prefiro aqueles que antecedem o sentido à visão. Quem busca a dúvida não se contenta com um ponto de sentir, necessita de vários. Quem busca a dúvida, reconhece a liberdade, não se deixa sufocar.
Mas, como nem toda escolha, porque ter dúvidas também são escolhas, é feita apenas pelos louros, o imprevisível reserva o que não se pode controlar. A liberdade, aí, já não é sua, é dela própria, e do mundo. Na hora em que se desprende, já é tarde para buscar domínio de si. São as conseqüências.
O silêncio faz me duvidar, mas também duvidar. E quando experienciado deixa uma sensação amarga. O silêncio tem de ser meu, não daquele que quero que fale a mim. A minha liberdade tem o limite do querer não tê-la. Decisão da dúvida consciente. Como escreveu a sábia Clarice, aqui interpretada por mais uma vida, a liberdade é o limite da proteção. A liberdade é a troca da seguridade que se quer ter, e todos querem, mesmo na solidão.
domingo, 29 de maio de 2011
Bilhete deixado na gaveta
Mesmo sendo o que mais gosto de fazer, escrever muitas vezes é uma tarefa difícil. Escrevo abstratamente talvez porque seja mais fácil falar de sentimentos que sinto sem falar de mim mesma...
Começo dizendo assim depois de ter várias vezes jogado o caderno pro lado e pensado: não tem sentido escrever, dizer... e talvez o faça mais algumas vezes até chegar ao final...
Apesar que para o final do bilhete é rápido, porque senão torna-se carta...
Apenas gostaria de lhe dizer que alguma coisa nesse breve caminho nosso não se fez entender entre nós e eu não sei o que é... Somente sei, porque sinto, e dizendo objetivamente, mexeste comigo e, se te entrego este bilhete agora é porque, de fato, sei o que sinto... e o que quero...
Começo dizendo assim depois de ter várias vezes jogado o caderno pro lado e pensado: não tem sentido escrever, dizer... e talvez o faça mais algumas vezes até chegar ao final...
Apesar que para o final do bilhete é rápido, porque senão torna-se carta...
Apenas gostaria de lhe dizer que alguma coisa nesse breve caminho nosso não se fez entender entre nós e eu não sei o que é... Somente sei, porque sinto, e dizendo objetivamente, mexeste comigo e, se te entrego este bilhete agora é porque, de fato, sei o que sinto... e o que quero...
quinta-feira, 19 de maio de 2011
Vida simples é não entender, amar, sofrer...
Pinceladas de anedotas desterram as raízes do orvalho seco que caem brotando sementes de carinhosidades nos olhares salgados da lembrança...
Flores q desabrocham na noite e deixam que cantem sabiás de língua presa a novelar lorotas de pensamentos enroscados de dúvidas e incertezas...
Mexilhões que remexem o labirinto escondido dos tucuruvis amarelos que se esqueceram de voar entre as portas da solidão...
Cochiladas dos sapos ternurosos da beira do rio claro de água azul torcida espirrando trovas ao amor de passaredo leve que nunca mais chegou...
Caminhadas de mãos penadas da bisoneta verde que tenta se inventar no mundo da imaginação proibida e que quer ser louca de pedra chuvosa pra não precisar ser lembrada...
E simples assim vão/vou/vamos vivendorando o inatingível entendimento do que é viver...
Flores q desabrocham na noite e deixam que cantem sabiás de língua presa a novelar lorotas de pensamentos enroscados de dúvidas e incertezas...
Mexilhões que remexem o labirinto escondido dos tucuruvis amarelos que se esqueceram de voar entre as portas da solidão...
Cochiladas dos sapos ternurosos da beira do rio claro de água azul torcida espirrando trovas ao amor de passaredo leve que nunca mais chegou...
Caminhadas de mãos penadas da bisoneta verde que tenta se inventar no mundo da imaginação proibida e que quer ser louca de pedra chuvosa pra não precisar ser lembrada...
E simples assim vão/vou/vamos vivendorando o inatingível entendimento do que é viver...
terça-feira, 3 de maio de 2011
Imperfeiçoando minha humanidade
Quero que antes de olharem meus olhos, vejam-me pela imperfeição, mesmo que essas sejam conhecidas por meio de outras bocas que não as minhas.
Essas tornam, mesmo as mentiras, sentimento vivo do estar sendo humano e aí o que vale mesmo não é dizer o outro, mas ser dito.
E se quem sabe já dizia que a unanimidade é burra, faz a não unanimidade justamente esse, o burro, que permite que o outro se diferencie.
Sinto-me cotidianamente mais humana falhando, disparates de uma não atenção ao mundo que é só minha, na individualidade de minha memória que insistentemente me trai no esquecimento.
E na continuidade de me perceber humana, na roda viva de uma sobrevivência coletiva, vou me convencendo que se são justamente as imperfeições que me propiciam não agradar uns, são também elas o que agrada a outros, e assim vou me aliviando em saber que o fato mesmo é que de verdade existe o que a gente é, como gente.
É certo que para aqueles que usam seu tempo disparando humanidades dos outros, têm também o privilégio de, imperfeiçoando o outro, imperfeiçoar a si mesmo, e também vão se tornando humano.
Todavia, não sei se certo, mas sensível, que humanizando-nos vamos deixando de admirar quem, erroneamente, acha que destrói o outro com falas ásperas. Deixando de ser admirado vai se tornando burro duplamente, uma por fazer com que o outro de quem se fala deixe de ser unânime, mas também em conquistar unanimidade no desapreço de todo o resto.
Prefiro então minha imperfeição alheia, que sendo fato ou não, diz respeito a mim e àqueles que comigo vão humanizando-se. Aos outros, dedico a unanimidade...
Essas tornam, mesmo as mentiras, sentimento vivo do estar sendo humano e aí o que vale mesmo não é dizer o outro, mas ser dito.
E se quem sabe já dizia que a unanimidade é burra, faz a não unanimidade justamente esse, o burro, que permite que o outro se diferencie.
Sinto-me cotidianamente mais humana falhando, disparates de uma não atenção ao mundo que é só minha, na individualidade de minha memória que insistentemente me trai no esquecimento.
E na continuidade de me perceber humana, na roda viva de uma sobrevivência coletiva, vou me convencendo que se são justamente as imperfeições que me propiciam não agradar uns, são também elas o que agrada a outros, e assim vou me aliviando em saber que o fato mesmo é que de verdade existe o que a gente é, como gente.
É certo que para aqueles que usam seu tempo disparando humanidades dos outros, têm também o privilégio de, imperfeiçoando o outro, imperfeiçoar a si mesmo, e também vão se tornando humano.
Todavia, não sei se certo, mas sensível, que humanizando-nos vamos deixando de admirar quem, erroneamente, acha que destrói o outro com falas ásperas. Deixando de ser admirado vai se tornando burro duplamente, uma por fazer com que o outro de quem se fala deixe de ser unânime, mas também em conquistar unanimidade no desapreço de todo o resto.
Prefiro então minha imperfeição alheia, que sendo fato ou não, diz respeito a mim e àqueles que comigo vão humanizando-se. Aos outros, dedico a unanimidade...
domingo, 1 de maio de 2011
Em maio como uma efemérida
Aquilo que é efêmero torna-se esquecível
Passageiro, na mente não se consolida
São como os lagos que somem numa precipitação.
E meu peito insiste em me precipitar
e faz degelar o que antes era tão concreto.
Mas tudo não durou um dia
Um dia após o outro
E de tão extenso, ou intenso, se materializou no plural da efeméride
Querendo ser um astro a cada dia...e noite...
E em sua sucessão ininterrupta não se permite esquecer.
Sinto-me hoje um besouro de maio
Com apenas 24 horas de vida
Que se nega a se alimentar
Ou mesmo não precisa.
Minha boca anseia outro alimento
Aguarda, porém, apenas um dia, esperando não morrer.
Passageiro, na mente não se consolida
São como os lagos que somem numa precipitação.
E meu peito insiste em me precipitar
e faz degelar o que antes era tão concreto.
Mas tudo não durou um dia
Um dia após o outro
E de tão extenso, ou intenso, se materializou no plural da efeméride
Querendo ser um astro a cada dia...e noite...
E em sua sucessão ininterrupta não se permite esquecer.
Sinto-me hoje um besouro de maio
Com apenas 24 horas de vida
Que se nega a se alimentar
Ou mesmo não precisa.
Minha boca anseia outro alimento
Aguarda, porém, apenas um dia, esperando não morrer.
quinta-feira, 21 de abril de 2011
Poder ser para ser no poder
As formas literárias já não têm importância
Confundem-se na vontade de escrever
Nas nuances de um desejo que se priva
Em não saber por onde poder seguir
Caminho que é escolha
Poder de decisão
Poder que é concessão da existência
Poder ser? Poder de ser? Ser e poder?
Ter poder sobre si é poder escolher o que se é
Então a concessão é de si próprio
Não cede-se a liberdade, mas trazes sede
E é essa que alimenta a mente inócua de pensamentos
Que transfigura o anseio da mudança
Gatilhando os revolveres da massa
E o que é a massa?
Se não um sim em coro
Do ser dignificante em si mesmo
Esperança, já sonhada pelos que lutavam,
Seca as lágrimas do sentimentalismo vazio
E põe no fronte a pele exposta da coragem
Essa sim que cede o ser e seu poder
E por isso escreve-se
Confundem-se na vontade de escrever
Nas nuances de um desejo que se priva
Em não saber por onde poder seguir
Caminho que é escolha
Poder de decisão
Poder que é concessão da existência
Poder ser? Poder de ser? Ser e poder?
Ter poder sobre si é poder escolher o que se é
Então a concessão é de si próprio
Não cede-se a liberdade, mas trazes sede
E é essa que alimenta a mente inócua de pensamentos
Que transfigura o anseio da mudança
Gatilhando os revolveres da massa
E o que é a massa?
Se não um sim em coro
Do ser dignificante em si mesmo
Esperança, já sonhada pelos que lutavam,
Seca as lágrimas do sentimentalismo vazio
E põe no fronte a pele exposta da coragem
Essa sim que cede o ser e seu poder
E por isso escreve-se
domingo, 20 de março de 2011
Clarice para que te quero
Clarice era boba boba
Como esse poema
Queria sua vida de brinquedo
Que desmontasse e virasse o que quisesse
Mas só na imaginação
Clarice era uma mistura geofísica
Entre céu e terra preferia o vento gorjeando
Que balança os pés do chão
E a cabeça com olhos para baixo
O vento gorjeando ia e vinha
E não a deixava no mesmo lugar
Assim como queria
Seu corpo comprido e sua mente curta
Sonhava
...
Com uma vida que fosse assim
O caminho da flor de jabuticaba
Até se tornar duocor por dentro e fora
Mas doce, sempre doce
Seu nome era mesmo próprio
Substantivamente e adjetivamente
Brincava de desmembrá-lo
E dizia ser clara e gelada
Mas só pra ela
Ou só para o (des)herói da brincadeira
Mas como espelho reflete
E olhar para ele é não deixar de ver, ou sentir
Sua alma entreposta no mundo,
A vida não lhe permitiu brincar
Clarice teve de aprender a penas dura
Que brincadeira é coisa de adulto que não chora
E pena dura de bicho feio assusta
E pena macia não se aceita
E Clarice resolveu correr
Com pernas ou imaginariamente
Foi pra que te quero
Nem ela sabia onde era esse lugar
Mas lá as flores não murchavam.
Como esse poema
Queria sua vida de brinquedo
Que desmontasse e virasse o que quisesse
Mas só na imaginação
Clarice era uma mistura geofísica
Entre céu e terra preferia o vento gorjeando
Que balança os pés do chão
E a cabeça com olhos para baixo
O vento gorjeando ia e vinha
E não a deixava no mesmo lugar
Assim como queria
Seu corpo comprido e sua mente curta
Sonhava
...
Com uma vida que fosse assim
O caminho da flor de jabuticaba
Até se tornar duocor por dentro e fora
Mas doce, sempre doce
Seu nome era mesmo próprio
Substantivamente e adjetivamente
Brincava de desmembrá-lo
E dizia ser clara e gelada
Mas só pra ela
Ou só para o (des)herói da brincadeira
Mas como espelho reflete
E olhar para ele é não deixar de ver, ou sentir
Sua alma entreposta no mundo,
A vida não lhe permitiu brincar
Clarice teve de aprender a penas dura
Que brincadeira é coisa de adulto que não chora
E pena dura de bicho feio assusta
E pena macia não se aceita
E Clarice resolveu correr
Com pernas ou imaginariamente
Foi pra que te quero
Nem ela sabia onde era esse lugar
Mas lá as flores não murchavam.
quinta-feira, 10 de março de 2011
Poema para meu bem
Como uma burca
as palavras soam aos meus ouvidos.
Não desvelam seu esconderijo oculto
detrás do olhar envéulado.
Penso, senão
Em descobrir-te
Mas descobrindo-te
Resguardo-lhe ao mundo e a mim.
És hoje minha acácia amarela
Pela flor e pela cor
em plenitude.
Ajunta-me medo e fortaleza
Desafia a memória incipiente
E na oculteza de um mistério
Faz ver o in-visível do olho nu.
És luz.
É amarelo.
Em mim, tento transformar-te em dália
No mesmo tom.
Que seja de música ou coloração
Toca-me na mesma intensidade
E já não posso esquecer-te,
Como machucar-lhe.
Não se fere uma flor.
as palavras soam aos meus ouvidos.
Não desvelam seu esconderijo oculto
detrás do olhar envéulado.
Penso, senão
Em descobrir-te
Mas descobrindo-te
Resguardo-lhe ao mundo e a mim.
És hoje minha acácia amarela
Pela flor e pela cor
em plenitude.
Ajunta-me medo e fortaleza
Desafia a memória incipiente
E na oculteza de um mistério
Faz ver o in-visível do olho nu.
És luz.
É amarelo.
Em mim, tento transformar-te em dália
No mesmo tom.
Que seja de música ou coloração
Toca-me na mesma intensidade
E já não posso esquecer-te,
Como machucar-lhe.
Não se fere uma flor.
sábado, 19 de fevereiro de 2011
Arrastar-me até você obriga-me a encontrar-me
Era uma sexta-feira, noite. Palavras trocadas ao longe passavam a tornar menos distantes limites e aproximar sensações...
Para ler bebendo um vinho tinto seco e ouvindo Chico Buarque
Neste momento o último gole de vinho havia sido dado, mas ainda havia na garrafa, que, na cozinha, inclinada, mas não até então a mim, já que não sabia admirá-la, chamava para que o copo fosse novamente completado. Nas habituais dúvidas pensara se devia fazê-lo, sem saber ao certo o motivo da imprecisão, se a repressão de si própria ou de pessoas ao redor. O fato é que o copo se fez ouvir mais alto (nota-se a dificuldade em admitir sua vontade própria, já que não foi de fato o copo quem decidiu).
As mãos talvez tivessem vontade própria. Tornavam-se reflexos os pensamentos em palavras digitadas ao teclado e, ao mesmo tempo, involuntariamente, a melodia e letra que se ouvia da música ao fundo tornava-se simbioticamente parte do que se sentia que era o motivo primeiro do vinho, da música e dos reflexos. E, se “tem certos dias que eu penso em minha gente e sinto assim todo o meu peito se apertar”, há também os muitos dias que não é possível furtar-se dos pensamentos sobre si, esse que mais do que vontade, tem vida em si mesmo. São meras partes da indefinição, ou mesmo de uma fuga permanente que não quer ser percebida como latente, “porque parece que acontece de repente como um desejo de eu viver sem me notar”
Mas na vida não há fuga. Nem mesmo no momento em que esquivar-se seja libertar-se dela. Se o ato de deixá-la aparenta ser o cume do medo de viver, talvez essa seja, pelo contrário, a entrega maior à vida, agora desconhecida. Mas não é a vida que mete medo, são as pessoas, que “me metem mais medo que um raio de sol”.
Olhem o que Chico faz. Ou o que permite fazer. Espero que seja ele mesmo, não seja o vinho. Ou que sejam os dois e quem, ou o que, mais quiser ser. O texto inicialmente tinha outra intenção. Outros pensamentos. Agora já não há mais o vinho, apenas o violão. Os pensamentos também persistem. E vou tentando colecionar não sonetos, mas... que de qualquer forma continuam a maltratar meu coração. Se não tinham essa intenção, isso já não importa, o importante é o que se fez escrever, o que se passou e sentiu, é o que acabou de ser lido e o que significou. Por isso está acabado, como meus sentimentos.
Para ler bebendo um vinho tinto seco e ouvindo Chico Buarque
Neste momento o último gole de vinho havia sido dado, mas ainda havia na garrafa, que, na cozinha, inclinada, mas não até então a mim, já que não sabia admirá-la, chamava para que o copo fosse novamente completado. Nas habituais dúvidas pensara se devia fazê-lo, sem saber ao certo o motivo da imprecisão, se a repressão de si própria ou de pessoas ao redor. O fato é que o copo se fez ouvir mais alto (nota-se a dificuldade em admitir sua vontade própria, já que não foi de fato o copo quem decidiu).
As mãos talvez tivessem vontade própria. Tornavam-se reflexos os pensamentos em palavras digitadas ao teclado e, ao mesmo tempo, involuntariamente, a melodia e letra que se ouvia da música ao fundo tornava-se simbioticamente parte do que se sentia que era o motivo primeiro do vinho, da música e dos reflexos. E, se “tem certos dias que eu penso em minha gente e sinto assim todo o meu peito se apertar”, há também os muitos dias que não é possível furtar-se dos pensamentos sobre si, esse que mais do que vontade, tem vida em si mesmo. São meras partes da indefinição, ou mesmo de uma fuga permanente que não quer ser percebida como latente, “porque parece que acontece de repente como um desejo de eu viver sem me notar”
Mas na vida não há fuga. Nem mesmo no momento em que esquivar-se seja libertar-se dela. Se o ato de deixá-la aparenta ser o cume do medo de viver, talvez essa seja, pelo contrário, a entrega maior à vida, agora desconhecida. Mas não é a vida que mete medo, são as pessoas, que “me metem mais medo que um raio de sol”.
Olhem o que Chico faz. Ou o que permite fazer. Espero que seja ele mesmo, não seja o vinho. Ou que sejam os dois e quem, ou o que, mais quiser ser. O texto inicialmente tinha outra intenção. Outros pensamentos. Agora já não há mais o vinho, apenas o violão. Os pensamentos também persistem. E vou tentando colecionar não sonetos, mas... que de qualquer forma continuam a maltratar meu coração. Se não tinham essa intenção, isso já não importa, o importante é o que se fez escrever, o que se passou e sentiu, é o que acabou de ser lido e o que significou. Por isso está acabado, como meus sentimentos.
segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
Minha cabeça afunda, pois ele a funde e ela se confunde
Eu não conheço somente sua voz. Posso te ver e sentir seus movimentos, porque está próximo a mim. É real. Não imagino um retrato estático idealizado por palavras bem colocadas, em meio a pensamentos atrapalhados, como você faz. Uma relação (com todos os cuidados necessários a esse termo) limitadora não pela indefinição de sentimentos ou por fatores racionais indefensáveis, os quais também não são desconsideráveis, mas pela, sobretudo, distância do que se sabe de um e outro, num sentido único.
Sei quem é você, sei quais são seus passos, posso te monitorar. Conheço seus pensamentos e até mesmo o que pensam sobre você. E eu sou apenas uma figura pictórica fecundada em sua mente criativa. E penso de que lado me lerá primeiro, ou como já o faz. Talvez não seja nada do que imaginas e não seja a obra artística que quiseste pintar. Não poderá interpretar-me, pois não serei arte.
Só tenho a dizer que não sou o que falo, talvez seja o que penso, mas certamente sou o que escrevo, em dupla intensidade.
Sei quem é você, sei quais são seus passos, posso te monitorar. Conheço seus pensamentos e até mesmo o que pensam sobre você. E eu sou apenas uma figura pictórica fecundada em sua mente criativa. E penso de que lado me lerá primeiro, ou como já o faz. Talvez não seja nada do que imaginas e não seja a obra artística que quiseste pintar. Não poderá interpretar-me, pois não serei arte.
Só tenho a dizer que não sou o que falo, talvez seja o que penso, mas certamente sou o que escrevo, em dupla intensidade.
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